A HISTORIA
DAS BANDAS MARCIAIS E FANFARRAS NO BRASIL
Além da imprescindível influência das bandas militares desde o
Brasil colônia até a atualidade, não poderia deixar de citar a importante
contribuição do povo africano que trazidos como escravos para esta terra eram
forçados a formar conjuntos, por determinação dos senhores de engenho, para que
animassem as festividades realizadas em suas propriedades. Algumas vezes, ainda
formavam grupos de corais com negros que cantavam em cerimônias de cunho
religioso. “Esse costume de se ter uma orquestra na propriedade vem da nobreza
europeia”
O
estado de Pernambuco, particularmente, teve, ainda, a participação
significativa do povo holandês, que deixou um grande legado cultural
contribuindo sem dúvida para esta tradição de bandas. Consistia na participação
de grupos instrumentais que se apresentavam ao público no palácio do então
governador Maurício de Nassau.
Já em
São Paulo, podemos observar a influência dos imigrantes italianos, que atraídos
pela grande produção de café no final do séc. XIX e a promessa de ganhar muito
dinheiro nessa atividade agrícola vieram ao Brasil e dentre eles havia um
número considerável de músicos que começaram a ingressar nas atividades
musicais do país. Alguns assumiram funções de destaque não apenas como
instrumentistas, mas também como professores e regentes de instituições
musicais, provocando mudanças consideráveis nos hábitos e repertórios da época.
No
estado do Rio de Janeiro, durante o Séc. XIX, conjuntos de músicos alemães podiam ser vistos
em toda parte, segundo os jornais da época. Entretanto, na ocasião da
primeira grande guerra, esses grupos desapareceram. “Porém, nas colônias alemãs existentes no Brasil, a
divulgação de sua música se mostra muito presente até os dias atuais.
No
campo militar, onde houve a mais forte motivação para a formação das bandas
atuais, no início do Séc. XIX foi determinado que em cada quartel do Exército,
em todo território nacional, fosse constituída uma banda de música com efetivo
diferenciado, composto de músicos militares executantes de instrumentos de
sopro e percussão, com objetivo de motivar a tropa na execução de hinos,
canções e marchas militares, a exemplo de outros exércitos do mundo. Tendo
atingido o objetivo inicial o efetivo das bandas foi aumentado e variado com
mais instrumentos de sopro e percussão.
Por
volta de 1850, surge o carnaval carioca no Rio de janeiro que passou a
manifestar-se utilizando bandinhas que animavam a brincadeira. Assim naquela
época, os foliões dançavam ao som das bandas marciais que se apresentavam nos
coretos nos dias de domingo. Paralelo a isto, outro evento que se tornou comum
nos carnavais foi o baile de máscaras, que inicialmente eram realizados nos
teatros, tendo a participação de um público mais seleto e com a execução das
músicas atribuídas às bandas militares, cujo repertório era composto por:
polcas, quadrilhas e por vezes até valsas.
Ainda
nesta época, surgiram outras formações musicais que se apresentavam no subúrbio
da cidade do Rio de Janeiro proporcionando animação aos menos favorecidos
economicamente. Estes grupos, chamados de choro, eram geralmente formados por
músicos das bandas militares e funcionários de repartições públicas.
Todo este contexto histórico que contribuiu para a evolução das bandas
de música até os dias atuais é muito significativo uma vez que as tendências
evolutivas tomaram rumos diferentes ocasionando variações no segmento onde
passaram a receber denominações de acordo com a formação instrumental. Desta
forma, as bandas escolares, atualmente, subdividem-se em: fanfarra simples,
fanfarra com um pisto, banda marcial e banda musical.
3 AS BANDAS DE MÚSICA NA ATUALIDADE
Primeiramente, para fins de conceito sobre o termo banda, segue a
definição dada pelo Grove Dicionário de Música, que diz:
Conjunto instrumental. Em sua forma mais livre. “banda” é usada para
qualquer conjunto maior que um grupo de câmara. A palavra pode ter origem do
latim medieval (bandum) “estandarte” bandeira a qual marchavam os soldados.
Essa origem parece se refletir em seu uso para um grupo de músicos militares,
tocando metais, madeiras e percussão, que vão de alguns pífaros (sic) e
tambores até uma banda militar de grande escala. (SADIE, 1994, p. 71).
O
Grove ainda apresenta outra definição sendo mais parecida com as bandas dos
dias atuais. Menciona que:
Banda de instrumentos de sopro, consistindo unicamente da família dos
metais e, às vezes, percussão, que teve origem nos anos 1820. Uma banda típica
consistiria de uma corneta em sib; um flugelhorn em sib; três fliscornes em
mib; dois saxiforne tenor em sib; dois eufônios em mib; três trombones e quatro
baixos de tuba, dois em mib e dois em sib (sic). O crescimento das bandas de
metais esteve intimamente ligado ao desenvolvimento da indústria, e o sucesso
foi consolidado através de competições. Podemos verificar que esta última
definição se aproxima mais das nossas bandas e fanfarras escolares, tendo em
vista a evolução e surgimento de novos instrumentos de soproe percussão que
aumentaram significativamente seus recursos sonoros. Além disto, a inclusão de
instrumentos eletrônicos que antes eram utilizados em bandas e conjuntos como a
guitarra, teclado e baixo elétrico, já podem ser vistos em algumas bandas e
outros instrumentos, que antes eram empregados apenas em orquestras, como:
cordas (violinos e violas, por exemplo) e palheta dupla como: oboé e fagote, já
podem ser contemplados em certas formações de banda. E assim, com estas
inovações e variações foram surgindo novas modalidades de bandas de música.
Esta evolução é citada por Muggiat (2006), em seu livro Improvisando
Soluções, onde relata que:
A partir da segunda metade do século XIX, os instrumentos de sopro
começaram a se popularizar nos Estados Unidos. Na Guerra de Secessão (1861-65)
as bandas marciais tiveram importante papel na elevação do moral das tropas, e
sua criação foi grandemente estimulada. Ao mesmo tempo, a tecnologia dos
instrumentos, em decorrência dos progressos da Revolução Industrial, era
aperfeiçoada com a introdução dos pistões nos metais, hoje peça fundamental
como instrumento que compõe a formação da banda marcial.
Em geral, nota-se que a prática da música sempre se mostrou presente em
diversidades e contextos que acompanham a evolução tecnológica e social da
humanidade. “A música como sempre, esteve presente na vida dos seres humanos,
ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e
favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação
e recreação”. As
bandas e fanfarras consistem em um valoroso instrumento de musicalização e
“podem ser analisadas como derivações do ensino de música na escola”. O emprego
da banda de música na unidade escolar deve ser encarado como um meio que
auxilia na educação e desenvolvimento de todos os envolvidos.
O que
se pode constatar, com tudo isto, é que a formação das bandas e fanfarras
escolares passa pela iniciativa do poder público local. O desejo do diretor da
instituição de ensino em formar uma banda na sua escola aparece como condição
importante, porém no que se refere à viabilização de recursos para a efetivação
de um grupo instrumental na escola, sempre dependerá do poder público.
Diferentemente das escolas públicas é de vital importância que
compreendamos que escolas particulares possuem recursos financeiros com o qual
conseguem com maior facilidade manter suas bandas assumindo a responsabilidade
de suprir as necessidades da banda, resultando numa dependência entre banda e
diretoria.